[Fora da Grei] QUEM É VOCÊ?
Dentre todas as perguntas que alguém pode fazer a outro, a única que parece não ter uma resposta é: Quem é você?
A resposta é tão difícil que, na maioria das vezes nos apressamos a responder automaticamente a primeira coisa que nos vem à cabeça, sem jamais refletir.
Algumas pessoas vão dizer “eu sou Fulano…”, como se o nome definisse quem elas são. Ou podem responder também “eu sou [tal coisa]…”, como se o que elas fazem também as definisse. Mas basta pensar um pouco e ver que tais respostas automáticas não respondem verdadeiramente à pergunta sobre quem somos nós.
Digamos que seu nome seja José, Maria, etc. O nome José significa, segundo alguns dicionários especializados, “aquele que acrescenta” ou “Deus multiplica”. Já Maria é “senhora soberana”, “vidente” ou “a pura”. Agora eu lhe pergunto: Você é uma pessoa que realmente acrescenta algo (seja lá o que for)? Deus multiplica alguma coisa através de você? E, se você for ateu? Pergunto também: E você, Maria? Você é uma senhora soberana de alguma coisa? Tem realmente o dom da vidência? É pura (seja lá o que isso queira dizer)?
Digamos, de outro modo que você é um bancário, um vendedor ou um estudante. Tudo que você faz na sua vida, desde que nasceu está ligado a transações bancárias? Desde que você nasceu, você vende tudo que tem ou o que aparece na sua frente? Ou, ainda, você vive a estudar tudo e todos à sua volta? – Acredito que não. Então, assim como o nome não nos define, aquilo que fazemos também não nos define. Somos muito mais do que isso. Mas, afinal, o que somos? Quem somos nós?
Essa pergunta incomoda os filósofos desde o nascimento da filosofia. Aliás, há quem diga que a filosofia nasceu precisamente dessa pergunta. E há milênios, milhares de respostas foram dadas, mas nenhuma realmente conseguiu responder. E o grande mistério continua.
O curioso é que a humanidade, ao criar seus deuses, soube defini-los tão bem que, em suas sagradas escrituras, eles dizem: “Eu sou o que Eu sou”, “Eu sou o Alfa e o Ômega”, “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, ou simplesmente, “Eu sou”, etc.
E, assim como jamais saberemos quem veio primeiro, se o ovo ou a galinha, também jamais saberemos se foram os deuses que criaram a humanidade ou se foi a humanidade que criou seus deuses, talvez seja o caso da resposta para esta grande pergunta jamais poder ser respondida.
“Quem é você?”, você me pergunta. “Eu simplesmente não sei”, é a minha resposta. Eu só sei que sou um ser ao qual, um dia, alguém deu um nome e que hoje pensa, sente e faz inúmeras coisas – certas e erradas, boas e más, etc. E que, de certa forma, se contenta em saber apenas isso pois, muitas vezes, a ignorância é uma benção.