A usina hidrelétrica de Itaipu, na fronteira do Brasil com o Paraguai, maior geradora de energia limpa e renovável do planeta, enfrentou a maior estiagem de todos os tempos, em 2020, com um novo recorde: a melhor produtividade anual em 36 anos e sete meses de operação.
Com uma afluência 30% menor que a média histórica, a usina otimizou ao máximo a produção de energia, aproveitando toda água que chegava, sem desperdício. A produtividade foi de 1,087 megawatt médio por metro cúbico por segundo.
Esse indicador estabelece a relação entre a quantidade de energia gerada com a vazão turbinada (o volume de água que passou pelas unidades geradoras, medido em metros cúbicos por segundo).
Em termos práticos, a binacional explorou ao máximo a sua matéria-prima, fazendo mais com menos. O segundo melhor valor de produtividade foi de 1,079 MWmed/m³/s, registrado em 2019.
“Em 2020, mais do que nunca, a área técnica deu uma resposta precisa ao enfrentar um ano atípico tanto do ponto de vista de eficiência quanto da covid-19”, elogia o diretor-geral brasileiro, general Joaquim Silva e Luna.
“Nossas equipes mostraram comprometimento exemplar e excelência na entrega de seus trabalhos. Itaipu, por diversas vezes, foi acionada para atender os sistemas elétricos do Brasil e do Paraguai, com energia adicional e disponibilidade de potência, cumprindo à risca todos os desafios”.
O diretor-técnico executivo, Celso Torino, vai na mesma linha: “São dados para se comemorar. Se comparado com nossa produtividade média histórica de 1,034MWmed/m³/s, nós conseguimos gerar 5% a mais. Isso significa uma geração adicional equivalente a uma usina de 730 MW, suficiente para atender, por exemplo, a cidade de Curitiba, capital paranaense, por dez meses”.
Geração acumulada
Além da alta produtividade, Itaipu registra outra marca importante: a maior geração acumulada entre todas as usinas do mundo. Desde o início de sua operação, em maio de 1984, Itaipu já produziu mais de 2,76 bilhões de MWh, confirmando sua liderança mundial em produção de energia limpa e renovável. Nenhuma outra usina produziu tanta eletricidade como a brasileiro-paraguaia.
Em um ano hidrológico castigado pela seca, com uma afluência média de aproximadamente 7.900 m3/s, a pior do histórico de 1983 até hoje, a usina de Itaipu gerou, em 2020, um total de 76,38 milhões MWh.
Comparativos
Toda essa energia seria suficiente para abastecer o mundo por um dia e cinco horas; o Brasil, por 58 dias; o Paraguai, por quatro anos e cinco meses; ou Foz do Iguaçu, onde está localizada no lado brasileiro, por 131 anos e seis meses.
“Todo esse resultado é fruto de um trabalho conjunto das equipes binacionais da diretoria técnica, sempre com o objetivo de garantir a gestão eficiente da produção e dos ativos da usina, principalmente nesse ano difícil de 2020”, avalia o superintendente de Operação, José Benedito Mota Júnior.
Covid-19 e segurança
O gráfico mostra o plano de manutenção de unidades geradoras executado pela Itaipu em 2020, onde é possível se verificar que, além de ter sido cumprido totalmente, ainda foi superior ao previsto, com uma manutenção preventiva realizada a mais, prevista para acontecer só no início de 2021.
O superintendente adjunto de Manutenção, Marco Aurélio Siqueira Mauro, explica que, com os protocolos adotados nas paradas das unidades geradoras, visando a segurança das equipes e garantindo a confiabilidade operacional necessária para os ativos de geração, Itaipu fechou o ano com as manutenções preventivas das unidades geradoras rigorosamente em dia. “Na verdade, conseguimos até antecipar a execução do nosso plano de 2021 em 6%. As equipes atenderam prontamente, com empenho, alta performance e responsabilidade, a demanda colocada”.
Outros números
Outro destaque em 2020 foi o Fator de Disponibilidade de unidades geradoras (FDO), que indica o percentual de tempo em que as unidades geradoras estavam prontas para atender as demandas dos sistemas elétricos do Brasil e do Paraguai. Esse índice ficou em 97,10%, terceiro melhor resultado do histórico e superior à meta da área técnica da usina, que é 94%.
Já o índice de indisponibilidade forçada, que mostra quando as unidades geradoras estão paradas por falhas técnicas ou humanas, obteve o segundo melhor resultado dos últimos dez anos. Ficou em 0,09%, quando o valor de referência é de 0,5%.
O indicador FCO (Fator de Capacidade Operativa), que indica a proporção de energia disponível efetivamente gerada e que também está associado à eficiência operacional, apresentou seu melhor resultado do histórico, com 99,79%.
Itaipu também fechou o ano com alto desempenho em dois outros indicadores. A segurança operacional, medida pelo indicador de gestão de Segurança Operacional da Usina (SOP), ficou em 95,47%, considerado “ótimo”, ou seja, acima de 90%. Já o indicador de qualidade de atendimento ao sistema interligado (ISIN) terminou 2020 com o valor de 92,1%, permanecendo também na sua classificação mais alta. “É a Itaipu Binacional atingindo o mais alto nível de sustentabilidade da operação, com energia da melhor qualidade para suprir e garantir o desenvolvimento de dois países irmãos e melhorar a vida da nossa gente”, finaliza Silva e Luna.