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Síntese sobre relações internacionais do Brasil pelo Internacionalista e Prof. de História do IFAP e da UFF, Danilo Sorato

Tradicionalmente nas relações internacionais, as primeiras viagens de um presidente da república são os sinais das prioridades na agenda de governo.

No próximo mês, o governo Lula completará 100 dias na condução da administração pública do país. Algumas mudanças foram feitas na área de Relações Internacionais em relação ao governo anterior. Quais foram essas alterações?

O diagnóstico do governo de transição em relação as relações exteriores mostraram alguns problemas nas relações internacionais do país. Alguns dos problemas foram os seguintes: isolamento dos grandes debates mundiais, alianças ideológicas, prejuízo da imagem do país no exterior e redução da liderança na América Latina.

De posse dos maiores problemas nas relações internacionais, Lula optou pelo diplomata de carreira, Mauro Vieira, para reconduzir o país ao mundo. O novo (ou velho) ministro de Relações Exteriores já havia exercido a função no segundo governo Dilma entre os anos de 2015-2016. Portanto, o presidente da República escolheu uma pessoa experiência a fim de imprimir respeito e estabilidade perante a opinião pública.

E o diplomata não desentoou da missão imposta por Lula. Quais foram as primeiras medidas impostas por Mauro Vieira?

Fortalecimento do Mercosul

Tradicionalmente nas relações internacionais, as primeiras viagens de um presidente da república são os sinais das prioridades na agenda de governo. Nos primeiros 100 dias, Lula viajou para Argentina, Uruguai, Egito, Estados Unidos e China*. A mensagem é bem clara, primeiro foi conversar com nossos vizinhos da América do Sul, o que implica numa evidente ênfase no Mercado Comum do Sul (Mercosul) e no resgate da União Nações Sul-americana (Unasul). Depois, Lula buscou os dois maiores parceiros comerciais do país e as duas maiores potências do planeta. 

Independente da forma de governo e da orientação política, o governo Lula obedece a princípios constitucionais das relações exteriores contidos no artigo 4: integração com a América Latina e não intervenção em governos. O foco do país será em alcançar melhores benefícios econômicos com todos os países, por meio de investimentos, acordos comerciais, fundos verdes, etc.

Brasil sobre a Russia x Ucrânia

Além das viagens internacionais, outra questão muito importante nos últimos meses foi a guerra entre Ucrânia e Rússia. O conflito completou 1 ano sem alcance da paz. Qual foi a posição do Brasil?

Basicamente, o país manteve alguns posicionamentos tradicionais da diplomacia brasileira. Houve uma condenação da guerra da organização das Nações Unidas (ONU) e um pedido para cessar às hostilidades, respeitando nossa atuação histórica na organização. Inclusive, o país enviou sua visão sobre o conflito e tentou aproximar as duas partes ao defender que houvesse uma negociação com países intermediários. No caso, Brasil, Alemanha e China seriam os responsáveis pela tentativa de aproximar os rivais na busca pela paz.

Obviamente que o conflito está longe de chegar ao final, mas o país começou a propor soluções para problemas mundiais, algo que havia sido perdido no último governo. Mesmo que seja apenas o começo, mas o novo governo já demonstra uma maior intenção em estar atento aos grandes acontecimentos internacionais, em recuperar seu papel de liderança na América do Sul e em tornar positiva a imagem do Brasil no exterior.

* A viagem para China foi remarcada em virtude de problemas de saúde do presidente, mas ainda esse ano ocorrerá segundo a comunicação oficial do governo.

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