Completados dois anos de pandemia do COVID-19 no mundo, a pergunta a ser feita não é mais “se”, mas “quando” acontecerá a próxima epidemia. Com efeitos e características convergentes, a crise climática e o novo coronavírus colocam em cheque a urgência de se repensar a relação do homem com a natureza.
No Brasil, enquanto a população era desencorajada a permanecer em isolamento social e o sistema de saúde colapsava pela superlotação de atendimentos, o Governo Federal, por meio do Ministério de Meio Ambiente, “passava boiada” nas políticas ambientais.
Uma sequência de alterações normativas no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), publicadas entre março e abril do ano passado, permitiram a invasão, a exploração e a comercialização de terras indígenas, além da diminuição no distanciamento entre áreas habitadas e áreas exploradas pelo agronegócio, pulverizadas de agrotóxicos.
Invasão de ecossistemas, altas temperaturas, eventos climáticos extremos levaram ao aumento das doenças transmitidas por vetores e ameaçaram mais uma vez a fauna e flora brasileira. A mais recente delas foi a proposta de Projeto de Lei 5544/2020, de autoria da Deputada Federal Nilson Stainsack, e propõe a liberação da caça esportiva de animais silvestres, permitindo perseguição, captura e abate de animais no Brasil.
“Não tínhamos que tá debatendo isso, tínhamos que tá debatendo como o Brasil vai encarar esse início de pós pandemia, pq isso é mais urgente. Qualquer tipo de esporte que cause um estresse desnecessário a outro ser, deve ser repensado. Se eu dou um tiro em uma onça, ela demora anos para viabilizar uma gestação, e parindo 1 ou 2 indivíduos, e de uma espécie que está em declínio. Mas caça não é esporte”, pontua Yuri Silva, Coord. de projetos no Instituto Mapinguari.
Fechada para visitação desde o início da pandemia, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (Revecom), localizada no município de Santana, vem enfrentando dificuldades financeiras para fazer manutenção, pagamento dos profissionais e alimentação dos animais. Já são mais de 400 dias sem visitação.
De acordo com o diretor Paulo Amorim, o endividamento da reversa chegou por volta de 200 mil, tiveram que vender um carro com valor abaixo do mercado, para poder saldar despesas imediatas, foram feitas vaquinhas online, receberam doações de amigos e pessoas que apoiam as causas ambientais.
A situação se agravou, segundo Amorim, no fim da gestão passada da Prefeitura de Santana, a qual tinha um convênio com a Reserva, e ficou devendo o mês de dezembro do ano passado, e não deixaram nada ajustado com a nova gestão.
“Tivemos várias reuniões com as secretarias municipais de Santana, e levou 8 meses até que conseguíssemos garantir um acordo com a Prefeitura, mas ainda precisamos de patrocínio, pois temos logradouros que precisam de manutenção, pois estão a ponto de desabar, ainda precisamos garantir o pagamento dos funcionários, e alimentação dos animais e os custos de energia, material de cuidados da saúde dos animais, além de combustível e outros”, informa o administrador Amorim.
A reserva conta com 300 animais, vítimas das caças predatórias que acontecem na floresta na região, boa parte são filhotes que perderam a mãe abatida por caçadores. “Aqui no Brasil são abatidos milhões de animais silvestres para consumo, o que faz com que tenhamos tantos animais sob tutela, filhotes são vendidos como pet e matam as mães para consumo da carne”, informa Amorim.
A Revecom está em busca de patrocínio de empresas que possam cooperar ajudando a manter a reversa funcionando e garantindo um lugar para cuidar e proteger os animais silvestres. São necessários cerca de R$35 mil para manutenção mensal, verba que manteria a sustentabilidade dos animais e da estrutura física da reserva. Doações podem ser feitas através do pix CNPJ: 01.477.979/0001-56