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“Quando estamos falando de gestão ambiental, estamos falando de pessoas”, ativistas ambientais e gestores debatem a relação das mudanças climáticas com as chuvas e alagamentos em Macapá

Completando um ano de Apagão no Amapá, o mês de novembro resgata memórias traumáticas para a população do estado. Entre chuvas, trovões e instabilidade no fornecimento de energia elétrica e água encanada, o iminente medo de que tudo se repita tem causado uma preocupação coletiva.


No último final de semana, a cidade de Macapá e outros municípios da Região Metropolitana e Sul do estado, registraram um volume de chuvas sem precedentes de 250mm, segundo dados do Núcleo de Hidrometeorologia do Amapá. O recorde anterior era de 218mm.

A Zona Sul da capital concentrou mais de 70% do volume de chuvas. Somente no bairro Zerão, choveu 217,2 mm, o dobro do previsto pelo Instituto Nacional de Metrologia (Inmet). Em questão de horas, a parte baixa da cidade concentrou pontos de alagamento, assim como inundação de canais e residências.


“Quando estamos falando de gestão ambiental, estamos falando de pessoas. Quem vive na Amazônia também são pessoas. Quando a gente percebe que o alagamento atinge especificamente as periferias, as pontes, os canais, entendemos esse modelo de violência. O problema não está em morar nas áreas de ressaca, mas na falta de infraestrutura”, diz Cleiton Rocha, membro do Utopia Negra, grupo que prestou auxílio a pessoas em situação de vulnerabilidade.

No início do mês, o Governo do Amapá aderiu, junto a outros governos estaduais e municipais, um Memorando de Entendimento (MoU) de compromisso dos estados-membros no combate às mudanças climáticas, com o objetivo de zerar a emissão de gases do efeito estufa até 2050. A pactuação aconteceu durante a CP-26, conferência global do clima, que aconteceu na Escócia.


O projeto de Lei do Clima, n°16/2021, com aprovação prevista para dezembro de 2021, propõe o tratamento direto de ações climáticas, como os licenciamentos sustentáveis, créditos de carbono e políticas de salvaguardas, em diálogo com as populações indígenas e quilombolas. tópicos antes não priorizados pela legislação estadual.

Hannah Balieiro, bióloga, ativista socioambiental e diretora presidente do Instituto Mapinguari, que representou a causa ambiental no evento, explica a relação das fortes chuvas e desastres naturais na Amazônia com as mudanças climáticas que acontecem no planeta. “ Não são mais casos isolados, tivemos a alta do Rio Negro em Manaus, e a partir disso, conseguimos prever q esse ano podemos vir a ter mais um recordes de cheias. Nesse espaço da COP, conseguimos sair insuficientes todo mundo muito disposto a fazer mudanças, mas na hora de estabelcer acordos não são suficientes, principalmente para os países mais pobres e menos desenvolvidos, como a região Amazônica”, explica ela sobre a proposta de Justiça Climática.


Atualmente, o Amapá possui um centro de meteorologia dentro do IEPA. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente prevê que a inauguração de uma sala de monitoramento, em parceria com a Defesa Civil, para a previsão do tempo mais específica. “Precisamos investir em prevenção para nos organizarmos e estarmos preparados para eventos como esses”, pontua Josiane Ferreira, secretária de meio ambiente.

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