A pesquisadora Cristiane Ramos de Jesus, da Embrapa Amapá, participa de evento técnico reunindo cientistas de 17 países, promovido pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), com o objetivo de atualizar as pesquisas de combate às moscas-das-frutas do gênero Bactrocera, financiadas por esta agência. Devido à pandemia de Covid-19 esta segunda reunião do projeto ocorre por videoconferência, de 28 de junho a 2 de julho de 2021, com transmissão a partir de Viena (Áustria).
Uma das espécies estudadas neste projeto financiado pela IAEA, é a mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae), praga quarentenária presente no Brasil, nos estados do Amapá, Pará e Roraima. A pesquisa liderada pela agrônoma doutora em produção vegetal, Cristiane de Jesus, busca desenvolver um método para criar machos inférteis da mosca-da-carambola e assim combater uma das maiores ameaças à fruticultura brasileira.
“Os estudos consistem em testar a aplicação simultânea da técnica de aniquilação de machos (MAT), por meio do atrativo químico metil eugenol, e a Técnica do Inseto Estéril (SIT), com a criação e liberação em massa de insetos machos esterilizados por radiação ionizante”, explicou Cristiane Ramos de Jesus, atualmente chefe adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Amapá.
A equipe conta com pesquisadores parceiros da Embrapa Clima Temperado, Embrapa Semiárido, Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e Universidade Federal do Amapá (Unifap).
O projeto “Efeito de semioquímicos no comportamento e sobrevivência da mosca-da-carambola e no tempo de resposta à atração ao metil-eugenol como subsídio ao manejo da praga no Brasil”, é um dos componentes que contribuirá para o alcance do objetivo do IAEA/CRP, que é explorar a relação potencialmente sinérgica entre o MAT e o SIT quando aplicado simultaneamente para melhorar a eficácia do manejo de Bactrocera, além de avaliar os semioquímicos utilizados.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estima que, se a mosca-da-carambola ficar fora de controle no Brasil, poderá gerar um prejuízo potencial de US$ 30,7 milhões no ano inicial e de cerca de US$ 92,4 milhões no terceiro ano de infestação.
Os demais países participantes da reunião técnica são República Tcheca, França (La Reunion), Quênia, Maurício, África do Sul, Estados Unidos, Bangladesh, Índia, Israel, Malásia, Tailândia, Paquistão, Austrália, China, Nova Zelândia e Vietnã.
Mosca-da-carambola
A origem do inseto é o Sudeste Asiático, sendo considerada espécie invasora no Brasil, Suriname, República da Guiana e Guiana Francesa. Os danos ocorrem em várias frentes. O ataque da mosca-da-carambola é uma ameaça de perda da produção, os frutos infestados têm seu desenvolvimento afetado e caem precocemente, ou seja, o produtor tem perda direta. No Brasil, a mosca-da-carambola foi registrada em 1996 em Oiapoque, município do Amapá, oriunda da Guiana Francesa.
Esforço preventivo
A mosca-da-carambola atinge 21 espécies vegetais hospedeiras da praga que foram registradas no Brasil pela Embrapa. Os estudos da Embrapa são realizados em apoio ao Programa Nacional de Erradicação da Mosca-da-Carambola (PNEMC), coordenado pelo Mapa, e atendem ao objetivo de promover pesquisa para segurança biológica e defesa zoofitossanitária da agropecuária e produção florestal brasileira. O esforço é preventivo para evitar a entrada da mosca-da-carambola em áreas do Brasil produtoras e exportadoras de frutas, evitando prejuízos em torno de R$ 400 milhões anuais, no caso de as exportações de manga, laranja e goiaba serem suspensas, por exemplo.