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Perucas de cabelos naturais ajudam a resgatar a autoestima de mulheres vítimas de escalpelamento

Rosinete confecciona as perucas de cabelo humano em sua casa – Fotos: Lilian Monteiro

“Sofri o acidente no dia 18 de agosto de 1997, no rio Corre, no município de Breves (PA) quando tinha 20 anos. Estava voltando da festa, indo para casa e perdi todo meu cabelo e quase todo meu couro cabeludo. Desde então começou a minha luta com o espelho. Ele se tornou meu principal inimigo, demorei a me aceitar. Perdi meu símbolo como mulher, o meu cabelo”, relata Rosinete Serrão, fundadora do Projeto Movimento Rosas.

Rosinete faz parte da estatística de mais de 167 mulheres vítimas de escalpelamento no Amapá. A história de trauma e dor sofrida no acidente de barco, que resultou na  perda dos cabelos e parte do couro cabeludo  teve um rumo diferente na vida da pedagoda. Ela incentiva mulheres da periferia do bairro Jardim Marco Zero a ganharem a sua autonomia financeira produzindo diversos artesanatos, com crochês, costuras, bordados de fitas em toalhas e bonecas.

Em 2009, começou a aprender ofício e de lá para cá, já se passaram 10 anos.  Além de ser a criadora do “Movimento Rosas”, Rosinete sente-se realizada por confeccionar manualmente perucas que devolvem a autoestima de mulheres vítimas de escalpelamento e câncer no Estado.

“Ter cabelo novamente é ter uma nova vida, eu enxergo assim ” diz

“Não conseguia sair na rua com a peruca sintética, depois que ganhei a primeira de cabelo natural, foi como se tivesse conquistado minha liberdade e autoestima novamente. Em 2009, fiz um curso pela Secretaria de Trabalho e Emprreendedorismo, e hoje produzo em casa as perucas manualmente”, conta. 

Mesmo não tendo máquina adequada para confeccionar as perucas, a pedagoga cobra um preço acessível na comercialização de modelos utilizando cabelos naturais. O Valor  é somente para pagar o material, como linha e tela, pois os cabelos são doados.

Luana fez a doação do seu cabelo

A funcionária pública, Luana Santos, 32 anos, cortou seu cabelo e não pensou duas vezes em doar. “Disseram para eu vender meu cabelo, mas não, procurei saber do projeto e quis ajudar outras mulheres. Me senti feliz em saber que vou contribuir de forma positiva na vida delas”, enfatizou Luana.

Ao final, Rosinete lamentou  a Associação está de portas fechadas, mas pede que as mulheres que puderem doar seu cabelo podem ligar e encaminhar  whatsApp pelo número: 99129- 6173.

Escalpelamento 

É um trauma que consiste na perda total ou parcial do couro cabeludo quando o mesmo é arrancado pelo motor da embarcação. Por questões culturais, sociais e ambientais, a ocorrência desse tipo de acidente é comum na região norte do Brasil, principalmente, relacionado com mulheres e o transporte fluvial por meio de barcos.

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