Por Jaci Rocha
Não acho certo que a postura agressiva de uma opinião de uma pessoa evangélica seja motivo para hostilizar a religião evangélica (como presenciei em algumas postagens). Assim como não acho certo o modo como uma única pessoa, de religião evangélica, se referiu à uma estátua em praça pública, em homenagem à tia Chiquinha – uma das grandes rainhas de nossa tradição marabaixeira.
Infelizmente, seguimos vândalos de nossa cultura. A lista só aumenta. Na mesma quinzena em que riscaram a estátua em homenagem do professor Munhoz e foi criada uma suposta ‘briga’ por apropriação cultural Pará x Amapá, um ataque à estátua da tia Chiquinha indignou nossos corações.
Onde isso tudo se relaciona?
Na nossa falta de convivência republicada, que nos torna vândalos da já tão sofrida cidadania.
Sobre a ‘dita’ questão do momento: A praça foi nomeada em homenagem a alguém evangélico? No que a presença de uma estátua da da linda tia Chiquinha – certamente um pedaço de Deus na nossa cidade – desrespeitaria a homenagem anterior? Havia algo realmente a ser dito? Claro que não!
Assim como Amapá e Pará nunca poderiam ser inimigos e professor Munhoz segue herói para nossa história e literatura.
Isso só reflete como a gente precisa aprender a se amar, não é? A abraçar nossa história. A conviver com afeição, respeito, reconhecimento e memória!
O que assusta é que o óbvio precisa de ser defendido…isso realmente assusta. Por outro lado, reitero: não foram os evangélicos ou a religião evangélica. Foi “uma” pessoa. É preciso discernir.
Sim, nós não toleramos racismo e intolerância. Também não estendemos a ninguém uma (muito infeliz) posição individualmente declarada.Não sejamos nós os vândalos da nossa própria cultura.
Que a gente abrace nosso Amapá, nossos heróis, nossa própria e multidiversificada identidade e beleza.
*Jaci Rocha é poeta e advogada.