Em matéria divulgada pelo site Metrópoles, no último dia 17 de agosto, o presidente da república Jair Bolsonaro supostamente convocou seu apoiadores pelo aplicativo Whatsapp para ir às ruas no feriado da Independência do Brasil desta terça-feira, (7) e participar do ato de “contragolpe”. Subprocuradores-gerais da República pediram análise do chamado. Na última sexta-feira (3), Bolsonaro afirmou que a manifestação da independência seria um “ultimato” para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
As ameaças são destinadas ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso. A convocação e as falas antidemocráticas do presidente provocaram revolta na população, sindicados e partidos que também organizaram manifestações em todo o país contra o chefe de estado.
Amapá
No estado do Amapá as manifestações contra o presidente ocorreram durante todo o dia, com concentração na Praça Veiga Cabral. Pela manhã, sindicatos e população uniram-se ao ato “Grito dos excluídos”, organizado pela Diocese e paróquias de Macapá, que ocorre anualmente como um pedido por mais saúde, comida, moradia e trabalho. Pela parte da tarde, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Frente Brasil Popular organizaram uma “cultural da juventude”, também como ato de resistência às ações de Bolsonaro.
Para José Simão, militante do coletivo ‘Utopia Negra Amapaense’, União da Juventude Comunista (UJC) e MUP: “Hoje precisamos mostrar que o povo tem sua força, não podemos sangrar até 2022. Temos sempre que ir às ruas e meter pressão para conseguir o que é nosso por direito. Não podemos manter esse governo fascista no poder, não basta tirar o Bolsonaro, precisamos combater o Bolsonarismo“, explica o militante.
Segundo a última atualização da Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC), dados mostram que a aprovação do governo caiu para 24%, enquanto a reprovação alcançou 49%. De acordo com o Datafolha, as intenções de voto para 2022 em Bolsonaro diminuíram.
“Hoje nosso grito é pelos quase 15 milhões de desempregados, pelas mulheres e jovens LGBTQIA+ vítimas de violência. Hoje, no Brasil existe quase 30% de jovens que nem estudam e nem trabalham. Nosso grito é por uma independência, não somente econômica, mas também política e pela construção de um novo projeto para o país”, afirma o professor e ativista, Renan Almeida.
Para a socióloga Alzira Nogueira, a manifestação é importante para o fortalecimento da luta. “O momento em que vivemos de ameaça à democracia, crescimento da pobreza e de uma lógica genocida que coloca em cheque o nosso povo, nos fez unir vozes em defesa da vida”, comenta a socióloga.
São Paulo
Em discurso na Avenida Paulista (SP), Bolsonaro voltou a defender o voto impresso e atacar prefeitos e governadores. “Não podemos admitir um sistema eleitoral que não oferece qualquer segurança em uma ocasião das eleições. Dizer também que não é uma pessoa no Tribunal Superior Eleitoral que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável”, afirma o presidente.
Em ataque direto ao ministro Alexandre Moraes, Bolsonaro falou: “Ou esse ministro se enquadra ou ele pede para sair. Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas, turve a nossa liberdade. Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir, tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro, deixe de censurar o seu povo. Mais do que isso, nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade”, completou.