O cabo de guerra em que se transformou a eleição para Presidência do Senado acabou favorecendo Davi Alcolumbre (DEM-AP). O sentimento anti-Renan (MDB-AL) ganhou força junto a opinião pública e a pressão era visível no Plenário da Casa, mexendo com a movimentação dos parlamentares.
Em sessão realizada neste sábado (02), após todo tipo de tumulto, confusão, questionamentos, fraude eleitoral e reviravoltas, o senador do Amapá foi eleito presidente do Senado, no primeiro turno, com 42 votos. No total, foram apurados 77 votos.
Renan Calheiros, que renunciou à candidatura quando a segunda tentativa de votação estava em andamento, terminou o pleito com 5 votos.
No primeiro discurso como presidente do Senado, Davi falou em acabar com “segredismos” e defendeu mudança no regimento interno da Casa, para que todas as votações sejam abertas.
Tendo sido apoiado – desde o início – pelo ministro-chefe da Casa Civil, o também democrata Onyx Lorenzoni, Davi vai ter que mostrar muita coerência e capacidade política para liderar o Congresso Nacional com a independência e o protagonismo que prometeu.
Dada a relevância do cargo, para o Amapá fica a enorme expectativa de que Davi consiga contribuir ativamente para o desenvolvimento do Estado.
A história foi longa
Depois de presidir, por quase seis horas, a sessão preparatória na noite de sexta-feira (1), onde resistiu com aparente sangue frio a todas as provocações dos aliados de Renan, Davi suspendeu os trabalhos, para que a eleição pudesse ocorrer neste sábado.
Em poucas horas, ainda durante a madrugada, novos fatos entrariam em cena. Uma liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, atendendo pedido dos partidos políticos Solidariedade e MDB, determinou que a eleição para a Presidência fosse secreta. A decisão acabava por anular a principal deliberação dos senadores na noite anterior, quando aprovaram, por 50 votos a 2, que a escolha ocorresse por voto aberto.
Segue o baile
Na manhã deste sábado, reaberta a sessão, já sob a presidência de José Maranhão (MDB-AL), o processo eleitoral foi retomado. Incialmente eram nove candidaturas registradas, mas três senadores desistiram: Álvaro Dias (Pode-RS), Simone Tibet (MDB-MS) e Major Olímpo (PSL-SP), todos em favor da candidatura de Davi.
Vencidos os debates sobre as regras do jogo, enfim os candidatos começaram a apresentar suas propostas.
Durante seu discurso de candidato, Davi Alcolumbre disse representar a renovação na política e reforçou estar preparado para a missão. Destacou a necessidade de resolver duas grandes crises no Brasil: a fiscal, peça chave para retomar a estabilidade econômica; e a política, “que minou a confiança do eleitor no Congresso”. Acrescentou ainda que vai conduzir a Casa com independência, transparência, austeridade e protagonismo.
Renan, já na última tentativa de reação, chegou a dizer que a Casa “foi dizimada” nas urnas, com a maior renovação da história. Das 54 cadeiras em disputa nas últimas eleições, 46 estão sendo ocupadas por novos senadores.
Mesmo com a decisão de Toffoli, muitos senadores declararam o voto, fazendo valer – na prática – o que foi aprovado em Plenário.
Quando a eleição parecia caminhar para o fim, houve nova confusão. A primeira votação teve que ser anulada, porque no início da apuração foram identificados 82 votos para 81 senadores.
Na segunda rodada, com a votação já em andamento, Renan Calheiros renunciou, deixando o caminho ainda mais aberto para Davi, que foi eleito com 42 votos, vencendo os senadores Ângelo Coronel (PSD-BA), que obteve 8 votos, Espiridião Amin (PP-SC), 13 votos, Fernando Collor (Pros-AL), 3 votos, Renan Calheiros (MDB-AL), 5 votos, e Reguffe (sem partido-DF), 6 votos.
#viralizou
Nesse meio tempo, claro, as redes sociais estavam pegando fogo. E assunto não faltou. Ao tomar a pasta de trabalhado da Presidência, a senadora Kátia Abreu, com certeza, rendeu o melhor meme da noite ; )