Usando o bordão já conhecido “Vai passando o homem do livro”, o contador de histórias Joca Monteiro, morador da Baixada Pará, usou um dos cômodos de sua casa para planejar a pequena editora que conta com estrutura de impressora, computador, prensas e outras ferramentas.
A iniciativa, além de fomentar a arte do escritor, também gera oportunidades para outras pessoas, como a escritora e poetisa Patrícia Andrade, que compõe a equipe, cuidando da revisão dos livros produzidos na editora. Além de Patrícia, o projeto conta com seu dois irmãos, cunhada e sobrinha, todos envolvidos no projeto na produção dos livros artesanais.
“Depois que coletei as histórias, eu saí pelo Brasil em busca de uma editora, mas todas as propostas que recebi eram muito aquém do que eu imaginava, pois ganharia uma porcentagem tão pequena dos lucros que achei impossível alimentar o sonho de viver dessa arte, então decidi estudar um formato de livro artesanal e cheguei no livro de vinil. Com a criação da editora em casa e o sucesso que o livro está fazendo, já posso dizer que o sonho virou realidade”, comenta com orgulho o artista, Joca Monteiro.
Entre livros do autor da iniciativa e livros de outros escritores, a Editora na Baixada já produziu 21 títulos em mais de 500 exemplares e pretende aumentar a produção utilizando a mão de obra da própria comunidade. “Minha arte sempre está voltada em benefício do outro, há tempos que eu desenvolvo ações sociais com as crianças daqui, hoje muitas crianças atendidas pelos meus projetos já cresceram, são jovens em busca de uma oportunidade. Comecei a treinar alguns desses jovens, mas ainda estou em busca de parcerias para realizar esse outro sonho”, contou o artista.
Joca percorreu todo o território amapaense em busca de conhecer os 16 municípios e coletar as narrativas da cultura popular amazônica, histórias contadas pelos antigos e quase esquecidas na memória do amapaense.
Situada no bairro Cidade Nova I, a Baixada Pará é uma comunidade sob área de ressaca, conhecida por um grande índice de violência e criminalidade. Mesmo em meio a todas as mazelas encontradas no local, o trabalho do jovem escritor e contador de histórias, Joca Monteiro que é militante da cultura no estado, está mudando o cenário e realidade do lugar que está respirando arte.
Para ajudar na distribuição das obras em Macapá, o artista ornamentou uma bicicleta cargueira e de forma descontraída e irreverente sai pelas ruas da capital vendendo os livros e divulgando seu trabalho, cantando e falando: Olha o homem do livro. ” Minha intenção é registrar as histórias coletadas, então escolhi o lugar em que moro desde a infância para criar um Editora Artesanal, onde confecciono os livros com ajuda de familiares e outros moradores do lugar”, contou o escritor.
Das 16 histórias da pesquisa do escritor, 7 delas já viraram livros e estão sendo distribuídas não só no Amapá como para vários lugares do Brasil e até para o exterior. Recentemente Joca lançou o livro “As filhas da Matinta” no Oiapoque. Sendo uma história coletada na cidade, o livro fez sucesso nas escolas locais e também na Guiana Francesa, país que faz fronteira com município, por onde o Joca passou com seus livros, visitando as escolas e participando de eventos locais.
Livro de outros autores
Recentemente a editora na Baixada passou também a produzir livros para outros autores como o Poeta Jiddu Saldanha, um curitibano que atualmente reside em Cabo Frio/RJ. Jiddu assistiu a um vídeo nas redes sociais onde Joca apresenta seu livro e imediatamente entrou em contato, solicitando os serviços da editora. Intitulado “Paisagem da Alma – Tankas e Haicais de Jidduks” o livro tem previsão para ser lançado ainda esse mês no estado do Rio de Janeiro.
Onde encontrar o homem do livro
Para saber mais sobre as obras do artista você pode procurar nas redes sociais a hashtag #olivrodojoca ou buscar por @jocamonteiro que você será direcionado à sua fanpage. Contato ainda pelo whatsapp 98124-2288