Um estudo realizado pela Rede Internacional de Eliminação de Poluentes (International Pollutants Elimination Network), em parceria com o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (IEPÉ), apontou a presença de altos níveis de contaminação por mercúrio em mulheres de quatro países da América Latina e entre eles, o Brasil, aqui no estado do Amapá.
As amostras foram feitas a partir do fio de cabelo de voluntárias em idade fértil e moradoras das regiões próximas ao garimpo, com a alimentação baseada no consumo de peixes. Além de brasileiras, mulheres da Colômbia, Bolívia e Venezuela participaram da pesquisa. O estudo analisou material genético de 34 mulheres moradoras do Garimpo Vila Nova, no Amapá.
“O uso do mercúrio para a extração do ouro contamina não só a água, mas o solo e o ar. O risco para a saúde do ser humano é o acumulo de contaminante no organismo. O pescado carnívoro, que é a principal fonte de proteína e vetor de contaminação, causa a acumulação”, explica o economista Décio Yokota.
Somente no ano de 2021, o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, autorizou o início de sete projetos de garimpagem não região da área intocada da Amazônia, nas proximidades da fronteira com a Venezuela e Colômbia e historicamente considerada a região mais indígena do país.
Dentre os impactos do mercúrio no organismo está o comprometimento do sistema neurológico, com a perda de memória, alterações neuromusculares, dores de cabeça e disfunções cognitivas. Para mulheres em gestação, a contaminação pode chegar ao feto, comprometendo o desenvolvimento neurológico, cardiovascular e renal.
“É uma situação crítica para as comunidades tradicionais pq o pescado é a fonte de proteína principal, e a falta de proteína compromete o desenvolvimento de crianças. A chave para as comunidades enquanto ñ existem ações para a eliminação do mercúrio é a escolha do pescado”, concluiu Decio Yokota , economista e Coordenador do Programa de Gestão da Informação do Iepé.