Jovem é vítima de racismo dentro de ônibus em Macapá; ofensa contra o passageiro partiu do motorista do veículo
Trabalhador estava voltando para casa quando foi 'convidado' a se retirar do transporte coletivo. O caso ganhou grande repercussão nas redes sociais.
No último sábado (29), o batedor de Açaí, Felipe Santos, foi vítima de racismo quando embarcou no ônibus da linha Brasil Novo/Universidade, da empresa Sião Thur. O relato ganhou espaço nas redes sociais quando Felipe, orientado pela família, publicou o acontecido.
“Todos os dias pego o ônibus no mesmo horário e local, depois de 2h de espera na parada, o motorista não ia abrir a porta, parou longe de mim e só abriu porque uma senhora bateu na porta. Assim que ele abriu, entrei junto com ela. Eu usava chapéu e fones de ouvido, assim como outros passageiros”, disse Felipe.
Relato de Felipe nas redes sociais – Foto tirada no momento do ocorrido.
Já dentro do coletivo, em frente ao Garden Shopping, ele foi chamado atenção pelo motorista. Segundo Felipe, o homem perguntou qual era seu destino e o mandou descer do ônibus. “Ele falou que não ia me levar, perguntei: ‘por que?’, ele disse que era porque eu estava de chapéu. Tirei o chapéu e perguntei: ‘e agora, qual é o problema?’, ele continuou com o ônibus parado e dizia: ‘Vai logo vai, sai'”, relembra.
“Eu trabalho, não preciso roubar não, não sou bandido” – Felipe disse ao motorista.
O trabalhador se recusou a descer, porém o motorista insistiu, perguntou quem ele era e onde trabalhava, “ele me olhava desconfiado e depois de alguns minutos continuou a viagem”.
O trabalhador explica que essa não é a primeira situação de racismo que sofreu. Foi através do apoio nas redes sociais e a partir de comentários que o jovem decidiu fazer um boletim de ocorrência. No domingo, (30), Felipe foi ao CIOSP do Pacoval com intenção de registrar o caso como racismo, porém, orientado por policiais, registrou como “Constrangimento ilegal”.
Nesta segunda-feira, (31), o rapaz abriu um novo boletim como “Injúria Racial”, depois da orientação jurídica do coletivo Utopia Negra Amapaense.
Até a publicação desta matéria, a redação do portal não conseguiu contato com a a assessoria de imprensa do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Amapá (SETAP). Até o momento, o sindicato não se pronunciou sobre o caso de Felipe.