O Instituto de Pesos e Medidas do Amapá (Ipem-AP) promoveu uma orientação técnica para castanheiros da comunidade de Água Branca do Cajari, na Zona Rural do município de Laranjal do Jari, no extremo Sul do estado. O objetivo é criar uma padronização para que os produtores da região possam realizar a pesagem correta da castanha-do-brasil e evitar prejuízos com a venda.
Atualmente o produto é comercializado por litros, e não peso. Como ainda não existe uma lei que ampare e regulamente os trabalhadores para essa prática de pesagem da medida da castanha-do-brasil, o Ipem, à convite do Ministério Público (MP-AP), apresentou a alternativa para a comunidade.
A equipe técnica do órgão ministrou palestra demonstrando a segurança que existe nesse método, comprovada por meio da ciência da metrologia, como explicou o gerente do Núcleo de Verificação Metrológica do instituto, Donizete Furlan.
“Nós fomos acionados para ajudar a sanar alguns problemas que os extrativistas enfrentam para comercializar o fruto por não haver uma padronização de lata para que a castanha seja vendida. Assim, nós sugerimos que seja feita a pesagem, que seria uma forma mais vantajosa, mas os extrativistas avaliam a prática”, explicou o gerente.
A atividade foi desenvolvida em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com a presença dos representantes da Cooperativa da Reserva dos Extrativistas.
O presidente da Cooperativa, Ozaniel Ribeiro, destacou que a ação surgiu a partir de várias reclamações dos trabalhadores de que estariam sendo prejudicados.
“Nós resolvemos solicitar ajuda em relação a isso. Daqui está saindo um encaminhamento para que a gente volte a ter uma reunião para que possamos elaborar um relatório sobre a possibilidade de fazer um termo de conduta para garantir uma padronização da medida da castanha”, informou Ribeiro.
O pesquisador da Embrapa Amapá, Marcelino Guedes, que já trabalha com mais de 500 castanheiros da comunidade há quase 20 anos, ressaltou que essa variação de peso e litro está ocasionando muitos prejuízos para quem comercializa.
“Os compradores estão trazendo latas maiores que as usadas anteriormente, então é fundamental conseguir padronizar isso e vender na medida certa, tem que ser em volume. É muito difícil trabalhar com peso, porque a castanha varia muito na unidade e o mesmo volume vai apresentar pesos diferentes. No início da safra, a castanha vai ser mais enxuta e vai pesar muito menos que uma tirada no final que vai ser mais molhada. É preciso considerar todas essas diferenças na questão da qualidade”, detalhou o pesquisador.
O Ipem vai emitir um relatório para apreciação do Ministério Público que recomendou a orientação técnica, destacando o que foi apresentado como possibilidade para o desenvolvimento da atividade extrativista de forma mais equilibrada e justa tanto para quem produz quanto para quem compra.