Morreu nesta quinta-feira (20/01) a cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, de causas naturais. O anúncio foi feito pela equipe e pela família da cantora através das redes sociais.
“Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação. A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares de fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim”, diz a postagem no perfil oficial de Elza no Instagram.
Ao longo da carreira, Elza Soares foi uma voz ativa na defesa dos direitos humanos, das minorias, da liberdade sexual e das vítimas da violência.
Trajetória
Nascida em 1930, filha de uma lavadeira e de um operário, Elza Gomes da Conceição conheceu desde cedo a pobreza.
Aos 12 anos, foi obrigada pelo pai a se casar e, aos 13 anos, teve o primeiro filho. Aos 21 anos ficou viúva e já havia perdido dois dos quatro filhos, devido à fome. O sobrenome Soares vem do primeiro casamento.
Começou a cantar na década de 1950 e, em 1999, foi eleita a “Voz do Milênio” em uma votação da Rádio BBC, de Londres. Antes da fama, carregou lata d’água na cabeça, trabalhou de faxineira, de empacotadora e numa fábrica de sabão.
Seu primeiro sucesso foi Se acaso você chegasse, em 1959. Embora tenha começado a carreira no samba, ao longo de seis décadas de carreira e dos seus 34 discos lançados se aproximou de ritmos como jazz, música eletrônica e hip hop. Seu último álbum foi Planeta Fome, em 2019. O título foi inspirado em uma resposta que deu a Ary Barroso durante o concurso Calouros em Desfile, da Rádio Tupi, quando ainda era uma anônima.
Ary perguntou a Elza: “De que planeta você veio?”. “Do planeta fome”, ela respondeu. Elza venceu o show com nota máxima, cantando o samba Lama. Quando começou a cantar, Ary Barroso disse que naquele momento nascia uma estrela no Brasil.
Em 2016, a cantora ganhou o Grammy de melhor álbum de música popular brasileira com A mulher do fim do mundo. No mesmo ano, o jornal americano The New York Times elegeu A mulher do fim do mundo como um dos dez melhores do ano, numa lista que inclui nomes como Beyoncé e David Bowie.
Em julho de 2019, numa entrevista à agência de notícias Lusa, Elza Soares assumiu-se “totalmente” feminista, o que, para ela, significa “ter coragem de gritar que se é mulher”.
Sobre sua biografia, escrita por Zeca Camargo, a cantora afirmou que o livro “conta a história de uma vida que não era para dar certo”: mulher, negra e pobre, mas que deu. “A vida depende de como ela é vivida”, resumiu.