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Herpetogirls: Conheça o projeto criado por estudantes para apresentar animais da região amazônica

O perfil criado para divulgar o trabalho do grupo nas redes sociais já acumula mais de 1.000 seguidores no Instagram

As redes sociais hoje ajudam a impulsionar uma área muito importante e mais necessária do que nunca: a do conhecimento. E foi assim que surgiu o ‘Herpetogirls’, um projeto criado por seis mulheres do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), com o objetivo de divulgar e esclarecer informações sobre animais nativos da Amazônia.

Através de um perfil no Instagram, as estudantes tentam abordar, de uma forma acessível, todo o conhecimento teórico que aprendem durante o curso. Tamylles Reis, 20 anos, acadêmica do 7º semestre de Ciências Biológicas e uma das criadoras da iniciativa, conta que as redes sociais ajudaram a concretizar a ideia de esclarecer dúvidas sobre a fauna do estado. “Nós criamos o projeto a partir de uma vontade em comum de divulgar sobre a herpetologia aqui da nossa região, justamente porque sabemos que a Amazônia é muito rica, mas poucas pessoas conhecem a respeito desses animais, até mesmo por medo e receio, relacionados a uma visão negativa”, explica.

A Herpetologia é um campo da zoologia dedicado ao estudo de répteis e anfíbios. Foto: Tamylles Reis/Acervo Pessoal

O nome foi escolhido por conta da temática abordada e também por ter apenas mulheres a frente do projeto. O que começou como uma brincadeira no título de um grupo em uma rede social, virou um perfil de divulgação científica. “O HG surgiu em janeiro deste ano e é composto por seis mulheres cientistas, estudantes do curso de Ciências Biológicas da UNIFAP e estagiárias do laboratório de Herpetologia. No nosso grupo temos mulheres de vários períodos, são vivências diferenciadas, muito particulares de cada uma, o que ajuda muito na troca do nosso conhecimento”.

Mulheres na ciência

Em outubro deste ano, uma dupla de mulheres cientistas fez história ao ganhar o prêmio Nobel em Química, anunciado pela Academia Real de Ciências da Suécia. Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna desenvolveram o Crispr, um método de edição do genoma, o que marcou seus nomes como as primeiras mulheres, a ganharem juntas, o Nobel de Química.

As cientistas ganharam o prêmio a partir do método de edição do genoma. Foto: Getty Images (reprodução)

Em entrevista logo após o anúncio do prêmio, Charpentier falou à imprensa sobre o pioneirismo da dupla. “Eu gostaria de passar uma mensagem positiva a meninas que gostariam de seguir o caminho da ciência. Acho que nós mostramos a elas que uma mulher pode ter impacto na ciência que elas estão fazendo. Espero que Jennifer Doudna e eu possamos passar uma mensagem forte às meninas”, declarou.

De acordo com um levantamento realizado pelo Open Box da Ciência, o Brasil tem aproximadamente 77,8 mil pesquisadores divididos nas cinco áreas do conhecimento, que declararam ter doutorado na plataforma Lattes do CNPq, sendo 59,69% homens e 40,3% mulheres.

“Logo que começamos a compartilhar um pouco das nossas experiências fomos percebendo, individualmente, que nos sentíamos desmotivadas com os trabalhos e projetos, por duvidar da nossa própria capacidade. Por isso nos unimos, para dar apoio e motivar umas às outras. Somo muito capazes sim de fazer grandes pesquisas, criamos o Herpetogirls justamente para inspirar outras meninas que também têm vontade de seguir nessa área, mas que ainda têm receio por se sentirem muito diminuídas e desvalorizadas”, afirma Tamylles.

Jiboia arco-íris (Epicrates cenchria) encontrada durante pesquisa de campo. Foto: Tamylles Reis/Acervo Pessoal

“As pessoas olham essa área e acham que não é um ramo para mulheres, principalmente em relação a viagens de campo. Existe uma preferência maior em levar meninos porque acham que é mais fácil, e muitas vezes somos deixadas em segundo plano por conta disso. A produção científica é muito mais estimulada para os meninos do que para as meninas, pesquisas feitas por homens ganham muito mais destaque do que as produzidas por mulheres. Isso sem contar o assédio que sofremos. Precisamos trabalhar o dobro para ter nossas pesquisas valorizadas”, diz com pesar.

Em 2019 o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) divulgou a suspensão de 4.500 bolsas de graduação por conta dos cortes no orçamento feitos naquele ano. Recentemente, a Instituição decretou o fim das bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) para cursos da área de Ciências Humanas.

“É bem triste, porque aqui na região temos tanto potencial, mas falta muito recurso, apoio, material nas universidades. Poderíamos estar produzindo cada vez mais trabalhos, incentivando a pesquisa, e todo o processo que acontece quando somos bolsistas, mas infelizmente a cada ano que passa fica mais difícil fazer ciência. Esperamos que futuramente nós possamos ter o reconhecimento que merecemos, e que a pesquisa possa ter mais a presença feminina. Precisamos continuar falando sobre isso e estimular trabalhos feitos por mulheres também”.

Conheça o trabalho do grupo aqui!

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