25 de novembro é o Dia Internacional Para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres que, independentemente dos muitos anos de defesa e envolvimento de muitas organizações de ativistas feministas, é uma questão que ainda continua sendo uma das formas mais difundidas de violações dos direitos humanos em todo o mundo.
As vítimas, normalmente, não denunciam abertamente o seu agressor por medo de represálias ou de piorar ainda mais a situação que estão vivendo, principalmente quando são financeiramente dependentes dos mesmos.
Algumas mulheres se veem impossibilitadas de sair do ciclo da violência, o que agrava as consequências e abre o caminho para um desfecho, muitas vezes, fatal. A violência de gênero envolve a perda dos suportes que compõem a personalidade do ser humano, que são os condicionantes biológicos, psicológicos e sociais.
Em 1979 a psicóloga e pesquisadora norte-americana Lenore Walker, publicou sua teoria do Ciclo de Violência. Ela estabeleceu um padrão similar de comportamento em todas as situações de abuso e observou como esses padrões de comportamento são reproduzidos de forma cíclica.
Na primeira fase do ciclo, chamada de “acúmulo de tensão”, há uma escalada gradual de tensão que é caracterizada pela frequência de brigas contínuas e atos violentos. É uma etapa sem duração específica, que pode durar semanas, meses ou anos. Durante essa etapa, ocorrem incidentes de ciúmes, gritos ou pequenas brigas. Um sério fator de risco nesta fase é o fato de insultos ou a violência verbal serem interpretados pela vítima como casos isolados que podem ser controlados. O agressor experimenta mudanças bruscas de humor, fica irritado com coisas insignificantes e se mostra muito tenso. Muitas vezes, a vítima tenta realizar comportamentos que não alterem o parceiro, tenta acalmá-lo acreditando que isso acabará com os conflitos. Ela também passa a se culpar, justificando o comportamento mostrado pelo agressor. E toda vez que há um incidente de menor agressão, há efeitos residuais de aumento da tensão por parte do agressor que, estimulado pela passividade da vítima, não faz o mínimo esforço para se controlar.
A segunda fase, “de agressão”, é mais curta. Mas é caracterizada pela falta de controle absoluto e a ocorrência de agressões físicas, psicológicas e/ou sexuais. A vítima experimenta descrença, ansiedade, tende a se isolar e se sente impotente diante do que aconteceu. Costumam se passar vários dias antes de pedir ajuda.
Por fim, na terceira e última fase, “de reconciliação”, o agressor geralmente pede perdão e promete à vítima que esse comportamento não acontecerá novamente. Usa estratégias de manipulação afetiva para tentar fazer com que o relacionamento não termine. Um fator de risco nesta fase é a aceitação de presentes, convites ou promessas, que apenas reforçam o comportamento violento. A tensão acumulada durante a fase de acumulação da tensão e a fase de agressão desapareceram. Nessa fase, é difícil para as mulheres denunciarem a situação pela qual estão passando: A mudança de atitude do casal as leva a pensar que foi um evento específico e que isso não acontecerá novamente. A vítima quer acreditar que nunca sofrerá abusos novamente. A moderação do agressor sustenta a crença de que ele pode mudar, devido ao seu comportamento amoroso durante essa fase. Esta fase de conciliação termina quando a calma acaba e recomeçam os pequenos incidentes e as humilhações.
Mas, afinal, como quebrar esse ciclo de violência? – Antes de tudo, é necessário que a vítima esteja ciente de sua situação. Pois só a partir desse reconhecimento, é que ela poderá começar a receber ajuda emocional e profissional. Assim, ninguém deve considerar normal comportamentos abusivos por parte de um companheiro. Quem ama cuida, não agride. Denuncie.