Em entrevista ao Café com Notícia na última segunda-feira (25), a deputada estadual Cristina Almeida (PSB), depois de visita ao Bailique, alertou para a situação que moradores de diversas localidades do arquipélago estão sofrendo. “Não é somente um problema de água salgada, mas de saúde pública”, declarou a deputada.
Isso porque, depois da grande quantidade de água salobra ingerida pelos moradores da região, muitos já apresentam feridas na pele, garganta e estômago. Outro fator preocupante, também denunciado pela Deputada, é a falta de energia no Bailique que já se arrasta a 5 dias e é um problema antigo e recorrente na comunidade.
Cristina Almeida também procurou analisar algumas ações dos poderes executivos para tratarem do problema. Em sua visão, enquanto a distribuição de 15 fardos de água por família feita pela prefeitura está amenizando o problema, o envio de uma balsa transportando água da Caesa realizado pelo Governo Estadual – que teria potencial de atender mais pessoas – apresenta alguns entraves. “A população denunciou que não usa a água porque ela apresenta um cheiro de ferrugem.” Revelou a deputada que ainda completou: “Muitas pessoas também não têm condições de carregar a água até às suas residências, pois a maior vasilha de uma família carente não chega a 50 litros, então não é só mandar a água para a comunidade”.
Ao conceder entrevista à BBC Brasil, o professor de Engenharia Civil da UNIFAP e estudioso do assunto há 17 anos, Alan Cavalcanti da Cunha, considerou duas diferentes causas para a salinização das águas do Bailique. Primeiro aspecto, a elevação mundial do nível do mar, que fez com que a água salgada avançasse em rios de regiões costeiras. E a outra possível causa, é a mudança no fluxo do rio Araguari, que passou a se conectar ao Rio Amazonas e não ter um canal direto ao Oceano Atlântico. A foz do rio Araguari servia como barreira para o avanço da água salgada na região, mas com o seu quase desaparecimento a água do mar começou a avançar mais ao sul do arquipélago.