Da Baixada Pará para o mundo: Joca Monteiro o contador de histórias e fazedor de livros
Palhaço, ator, multifacetado, contador de histórias, Josias Monteiro, conhecido como Joca, de 37 anos, produz livros artesanalmente fabricados com material de alta qualidade. Os livros são de grande durabilidade e resistentes a água, uma forma também de se lidar com clima quente e úmido amazônico. Eles vem numa embalagem charmosa e colorida, ideal para os apaixonados por leitura, e são vendidos a R$20.
“Dentro da minha poesia, às Matintas Pereiras são mulheres que têm o poder de se transformar no animal que bem entenderem”
Com um olhar poético, Joca, procurou escrever buscando suas raízes baseados na força da sua ancestralidade inspiradas nas avós, tataravós, bisavós, mãe, como é o caso do seu livro “As Filhas da Matinta” uma narrativa poética que conta o surgimento das Matintas Pereiras em Oiapoque.
“Dentro da minha poesia, às Matintas Pereiras são mulheres que têm o poder de se transformar no animal que bem entenderem, além da maldição de nunca mais parar de fumar. A primeira Matinta foi a índia Matiá, no Oiapoque, ganhou o poder e a maldição quando tentava salvar o amor de sua vida, mas pertencia a uma tribo rival, e como acontece essa trama é descrito no livro”, explicou o palhaço.
Dezembro, ele saiu da Baixada Pará e cruzou a BR- 156, atravessou o rio Oiapoque de catraia e foi contar suas estórias as crianças da Escola, Henry Sulny, em São Jorge que é uma comunidade na Guiana Francesa.
Mesmo contando as histórias em português, os pequenos ficaram atentos aos contos lúdicos do contador de estórias e sua peculiaridade em apresentar-se. O Palhaço Boboca Nariz de Pipoca Perna Torta Não toma Coca Dorme na Maloca Na canela Muriçoca, desenvolve metodologias lúdicas para conduzir a criança no universo mágico da leitura.
Nem só de risos vive o palhaço
Ao final da entrevista, Joca fez um desabafo e falou da dificuldade em manter seu projeto em Macapá, no entanto pediu que divulgássemos seus parceiros que embarcaram junto com ele neste projeto e mantém vivo os imaginários de centenas de crianças em Oiapoque, são eles: Kassia Mosdesto sua produtora e incentivadora de sonhos; Escola Municipal Prof. Márcia do Socorro; Hotel Floresta do proprietário Relson Silva e Churrascaria Touro na Brasa de Francy Teixeira.
MANI: Eu fui em Cutias atrás da Pororoca e acabei comendo tanta farinha que resolvi contar a lenda da mandioca
Confira os títulos dos livros do Joca
AS FILHAS DA MATINTA: Uma narrativa poética que conta o surgimento das Matintas Pereiras no Oiapoque; O HOMEM QUE VIRA PORCO: É comum na Amazônia homens e mulheres que possuem o poder da metamorfose, em Pedra Branco tem um homem que vira porco; O VAQUEIRO SEM CABEÇA: Esse eu vi quando eu era menino, ele guardava o Sitio do Seu Adonias e botava os moleques pra correr; O PRETINHO DO RIO: Existe um príncipe africano que foi encantado e mora no fundo do Rio Tartarugalzinho, quem me contou foi o mestre Didi; A MULHER QUE VIA O FUTURO: Essa é a estória que mais me arrepia. A mulher com 15 anos já fazia previsões incríveis, mas no dia em que ela viu o maior naufrágio da história Brasileira, ninguém acreditou e ela perdeu todos os filhos no Barco Novo Amapá; MANI: Eu fui em Cutias atrás da Pororoca e acabei comendo tanta farinha que resolvi contar a lenda da mandioca; O BOI DE PINDORAMA: A lenda do peixe boi recontada com função de falar de amor.