Na manhã desta quinta-feira, (11), o Secretário de Estado da Saúde, Juan Mendes, falou sobre a situação caótica que o sistema de saúde do Amapá enfrenta no atual momento. A coletiva de imprensa também contou com a presença do Superintendente de Vigilância em Saúde, Dorinaldo Malafaia. “Estamos vivendo o pior momento da pandemia. Tivemos o apoio do governo federal, em termos orçamentários, até setembro do ano passado”, afirma Juan.
O secretário explica que mesmo com todas as dificuldades, o estado vem abrindo leitos, mas que a situação é extremamente crítica. “Se a gente pensa que um paciente com AVC ou infarto é grave, o paciente com Covid-19 chega a ser muito mais severo que todos eles, pois a necessidade de medicamentos e maquinário chega a ser o dobro, o triplo. É uma pessoa que consome muito da equipe, não é apenas colocar uma cama, um ventilador mecânico e um monitor”, salienta.
Na quarta-feira, (10), o país bateu a marca de 2.286 vítimas da doença e alcançou o recorde de mortes pela Covid-19 em 24 horas. De acordo com o secretário, a perspectiva é de que haja a abertura gradativa de 130 novos leitos de UTI.
“Levando em consideração que os leitos clínicos e de UTI estão em uma faixa acima de 90% de ocupação, nós podemos caracterizar e informar a população que, de fato, nós entramos em uma situação de colapso sanitário no sistema de saúde do Amapá“, é o que diz Dorinaldo Malafaia, Superintendente de Vigilância em Saúde.
“Nos próximos 14 dias nós precisamos garantir a desmobilização de aglomerações, para que consigamos interromper a transmissibilidade do vírus. Precisamos dar tempo para que o sistema de saúde possa ter o máximo de amplitude. Caso contrário, não teremos condição, como no restante do país, de garantir leitos para a população”, afirma o Superintendente.
Mesmo com a alta no número de mortes, a população diminuiu os cuidados e flexibilizou o isolamento social, o que afetou consideravelmente as taxas de novas pessoas contaminadas.
Colapso?
Em janeiro deste ano, o estado do Amazonas viveu um intenso colapso no sistema de saúde, ocasionado pela falta de oxigênio para os pacientes internados em leitos de UTI. Por conta da situação, o estado enviou muitos pacientes para tratamento em outras localidades, o que inclusive contribuiu para a disseminação da variante brasileira do coronavírus.
“Seria inconcebível pensar que nos estados amazônicos seria diferente. Mas obviamente, fizemos um estudo aprofundado para que o que aconteceu em Manaus não aconteça aqui, mas ainda assim, corremos risco. A situação é gravíssima”, diz o secretário de saúde.
O gestor descreveu que o oxigênio utilizado no Amapá é produzido no Pará, e que as unidades hospitalares, em maioria, utilizam tanques criogênicos, o que possibilita uma capacidade de armazenamento maior.
Na tarde de ontem, (10), o governador do estado, Waldez Góes, confirmou que a P1 (variante de Manaus), circula no Amapá desde janeiro de 2021.
Mesmo com as altas taxas de ocupação dos leitos, as autoridades são categóricas em afirmar que não existe a possibilidade de transferência de pacientes, mesmo os atendidos por planos de saúde. “Precisamos ganhar tempo ao máximo, para que o sistema de saúde possa avançar e não colapsar totalmente”, conclui Malafaia.
No último boletim epidemiológico divulgado na quarta-feira, (10), pelo Governo do Estado, o Amapá apresentou 328 novos casos da Covid-19.