Conheça o projeto social que ensina capoeira para jovens e adultos em Macapá
A manifestação cultural de raiz africana também auxilia na educação de crianças em várias comunidades da capital amapaense.
A capoeira é reconhecida como patrimônio imaterial da cultura brasileira, e traz no seu desenvolvimento a mistura da dança, musicalidade, artes marciais e jogo.
Em Macapá, um projeto social oferece aulas gratuitas de capoeira para crianças, adolescentes e adultos. O esporte ajuda no desenvolvimento físico e social dos alunos. Segundo o mestre Manoel Galibi, 37 anos, há quase 20 anos o grupo ‘Energia Pura’ alimenta trabalhos voltados para capoeira em vários bairros na cidade de Macapá.
“O grupo surgiu no estado com o mestre [Gato Preto], que antes de ir morar na Guiana Francesa, deixou a semente plantada e os seus alunos deram continuidade ao trabalho, levando a capoeira para os bairros da cidade. Desde outubro do ano passado estamos com o projeto no Macapaba, aqui tem muitos jovens e para eles não ficarem na ansiedade, oferecemos mais oportunidade de praticar esporte e lazer”, relata o professor Manoel Galibi, praticante da capoeira há mais de duas décadas.
A monitora Viviane Silva, 33 anos, ministra as aulas duas vezes na semana, em uma quadra do conjunto e fala sobre a experiência e satisfação de levar a capoeira para os moradores das comunidades.
“É muito gratificante ver como uma roda de capoeira pode causar mudanças na vida das pessoas, mesmo ela sendo rejeitada pela sociedade. A capoeira é uma escola, e nessa escola você aprende regras, educação, respeito e nós cobramos boas notas e ajuda nas tarefas de casa. Hoje estamos com cinco polos: Santa Rita, Cupixi, Muca, Marabaixo e Macapaba, os demais estão fechados por conta da pandemia”.
Ao todo são 40 alunos atendidos todas as terças e quintas-feiras. O grupo também organiza rodas com a presença de outros grupos que se interessam em conhecer o projeto.
João Pedro, 16 anos, aluno do polo Macapaba, conta que começou a praticar capoeira depois de ser diagnosticado com um quadro de depressão, há dois anos.
“Passei por um período de depressão profunda, não tinha vontade de fazer nada e conseguir achar esse esporte foi uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido na minha vida. A capoeira me ajudou bastante. Sempre que me sinto triste vou para a quadra, treino e isso me faz bem. Esse tipo de projeto é muito importante para a comunidade do Macapaba. Aqui existem muitas crianças, e se elas não tiverem oportunidade, podem se envolver com coisas erradas”, afirma.
Roberto Carlos, 54 anos, é autônomo e morador do conjunto Habitacional Macapaba. Carlos relata a importância que o projeto tem dentro da comunidade.
“Muitas crianças estão sem uma ocupação, com as aulas paradas devido à pandemia. A capoeira é muito boa para eles. Meu filho agora tem um pouco de lazer, fora outros benefícios que a prática traz para as crianças: concentração, coordenação motora, desenvolvimento físico, mental e social. Esperamos que esse projeto continue aqui em nosso bairro, desejo que as autoridades competentes olhem para as crianças daqui e construam um local próprio a prática da capoeira”, conta.