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[coluna] Diamantes são forjados sob pressão – por Fernando Melo

Foto: Reprodução

O primeiro evento numerado do ano já chegou batendo recordes, firmando-se como o segundo Pay-Per-View mais vendido da história do MMA, perdendo apenas para McGregor x Diaz II.

As três principais estrelas do card foram Dan Hooker, Michael Chandler e Dustin ‘O Diamante’ Poirier. A última não trata-se de uma estrela, mas do próprio sol! Conor ‘O Notório’ McGregor, apesar de ser uma figura definitivamente controversa, é o atleta mais bem pago e assistido da história do MMA. Para ilustrar seu impacto, temos como exemplo a bolsa de seu adversário, Dustin Poirier, que foi de 150 mil dólares para mais de um milhão de dólares (unicamente por ser oponente de Conor).

Na penúltima luta (Dan Hooker x Michael Chandler) tínhamos Hooker, um perigoso striker, contra Michael, um ex-campeão do Bellator (evento rival do UFC) estreando no UFC. Hooker saiu como favorito nas casas de apostas e prometeu quebrar o novo brinquedo de Dana White, mas na prática, Michael não tomou conhecimento.

Chandler usou sua velocidade muito acima da média para acertar a cintura de Hooker e forçar sua movimentação lateral para direita. Após alguns minutos, Dan já atento a mão direita que viria na barriga, foi surpreendido com um soco de esquerda de encontro no queixo. Caixão! Chandler estreou com o pé na porta, um ‘nocautaço’ no segundo maior evento da história da organização. O patrão Dana White abre um sorriso, o investimento parece ter se justificado.

A noite se encerrou com uma revanche entre Dustin ‘O Diamante’ Poirier e Conor ‘O Notório’ McGregor. O primeiro encontro ocorreu em 2014 e Conor saiu vencedor por nocaute ainda no primeiro round, naquela que foi apenas uma de suas várias apresentações meteóricas. Hoje, sete anos depois, nada era igual, nem mesmo a categoria de peso, mas Conor prometeu o mesmo desfecho, disse que nocautearia até mais rápido, em 60 segundos!

O primeiro round da luta mostrou o motivo de Poirier ser azarão na casa de 3.5 pra 1 nas casas de apostas. McGregor o deixou tonto alguma vezes, foi o dono do octógono e tudo parecia questão de tempo, aliás, Poirier não tinha resposta para a precisão e velocidade do irlandês.

Foi aí que entendemos o motivo do apelido ‘Diamante’! Diamantes são forjados sob altíssima pressão e temperatura e, é nesse ambiente que Dustin Poirier se sente em casa. Das suas últimas 6 lutas, 5 foram guerras! Batalhas longas, intensas, levando os dois ao limite, e pouquíssimos humanos podem acompanhar Poirier até o limite.

Poirier seguia tímido com chutes na perna para mitigar a movimentação de Conor (ponto crucial de seu jogo) e guarda sempre fechada, para se proteger da poderosa canhota do irlandês que por sinal já havia o acertado algumas vezes na luta. 

Após liderar 90% do combate, Conor McGregor acabou surpreendido. Sucumbiu para resiliência e evolução de Poirier! Sua perna direita estava muito machucada tornando-o um alvo estático, e ao perceber o oponente ferido, Dustin fez questão de criar uma tempestade. Saiu do casco, balançou Conor com cruzados e em seguida o fez cair.

Sete anos fizeram de Poirier um novo lutador, e esse novo lutador se mostrou mais versátil e inteligente que Conor, que pela primeira vez em toda sua carreira terminou no chão, nocauteado. Poirier saiu gigante da jaula, e Conor, com uma interrogação sobre o futuro.


 

Perfil

Fernando Melo é Internacionalista, pesquisador, fã assíduo de esportes e há 11 anos acompanha tudo sobre Artes Marciais Mistas (MMA). Apreciador de música, política internacional e jogos eletrônicos, assina a coluna de Esporte no portal Café com Notícia.

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