Na última sexta-feira, (23), câmeras de segurança flagraram um homem soltando o próprio cachorro para atacar uma gata comunitária. O crime aconteceu por volta das 22h20 da noite, em frente à praça do bairro Alvorada. De acordo com testemunhas, o homem teve a intenção de ferir o animal. A gata carinhosamente chamada de “Malhadinha”, que era alimentada pelas pessoas do bairro, não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
“Eu estava mexendo no meu carro, ouvi um gato e uns latidos, de repente olhei e percebi o homem com o cão balançando algo, e deduzi que era o gato. Ele estava desconfiado olhando para os lados, e em momento algum quis tirar o animal de perto ou teve a intenção de socorrer a gata”, diz Bruno Castro, 34 anos, morador do bairro.
Nas câmeras de segurança é possível identificar o momento exato em que a gata corre para fugir do cachorro, mas assim que ele sai da guia avança em direção a ela.
Outro vizinho que também chegou a ver a ação, garante que nunca viu algo parecido. Alexandre Smith, 46 anos, é voluntário em uma ONG de proteção animal, e conta que estava no quarto quando ouviu o barulho e imaginou que fosse briga entre animais de rua.
“Bateu um desespero e eu saí correndo. Já cheguei gritando com o cara e assim que vi parei, me assustei com o cachorro que ainda estava segurando a gatinha na boca. Comecei a gritar com ele para fazer o cachorro largar, ele disse que não conseguia. Segundo ele, a gata tinha avançado no cão e não foi possível conter a reação. Vendo os vídeos pudemos confirmar que era tudo mentira, ele soltou e instigou o cachorro para avançar”, detalha Alexandre.
“Nunca vi uma cena daquelas, estou muito assustado e muito triste pela gatinha. Ela andava por aqui há mais de 1 ano, cuidávamos com muito carinho, da forma que era possível. Quem se diverte criando um animal para ser violento, vê ele agir dessa forma e não faz nada, é capaz de tudo“, assegura o voluntário da causa.
A denúncia foi feita na Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA) pela ONG de proteção animal Gateiros Tucujús, que prestou assistência às testemunhas. De acordo com a Vice-presidente da Organização, casos como esse não são raros de acontecer. “A Malhadinha não teve a oportunidade de ter um lar, mas recebia diariamente alimento e carinho dos vizinhos de onde ela escolheu viver e foi acolhida. Ela teve a vida interrompida, assim como as dezenas de pedidos de ajuda que recebemos diariamente, quando não conseguimos chegar a tempo para resgatar ou dar qualidade de vida”, afirma Jéssica Sodré.
Jéssica responsabiliza a falta de políticas públicas pela maioria dos casos de violência contra os animais. “A ausência de organização para a causa animal está adoecendo as poucas pessoas que se dedicam de forma voluntária para amenizar a dor dos animais. Eles se multiplicam desordenadamente nas ruas. Hoje, o controle populacional desses animais se resume a maus-tratos que os levam à mortes precoces, além do descaso do poder público, ainda temos que lutar contra a maldade e a falta de empatia das pessoas”.