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“Cada fim um recomeço”: Mc Super Shock faz parte da nova geração de artistas independentes no Amapá

O rapper venceu o II Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus na categoria de Melhor Videoclipe da Região Amazônica.

Visto como um dos artistas que mais se destaca na cena do rap amapaense, Carlos Washington de Oliveira, mais conhecido como Mc Super Shock, vem ganhando espaço no cenário independente trazendo a característica mais marcante do rap: a crítica social. Na última quinta-feira, (10), o jovem cearense de 25 anos foi anunciado como o vencedor na categoria de Melhor Videoclipe da Região Amazônica no II Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus, com a produção audiovisual ‘Estorvo’. A edição desse ano do Festival homenageou a diretora de cinema e atriz paraense Rosilene Cordeiro.

“Nunca vi homem de ferro, só homens com ferro Mas homens? Confesso, por aqui não vejo tantos Nunca precisei de berro, não resolvo só no berro Conhecimento é a chave, por isso tô almejando Cês tem medo da verdade igual cair no gemidão Tô ligado nesses MC’s revolução de quarto Geração acomodados, nunca gera ação” – trecho da música ‘Estorvo’.

De forma independente, o rapper faz história no cenário musical amapaense. Foto: Joelson Palheta/DA

Em entrevista ao programa de rádio ‘Café com Notícia’, na noite desta segunda-feira, (14), Shock falou sobre a importância da subjetividade na interpretação dos seus trabalhos. “Eu gosto de escrever tudo no subjetivo, tem o ‘por que eu escrevo’ e tem a interpretação, ‘como você entende’. Às vezes você está entendendo da maneira como deve entender naquele momento da sua vida, quando você está passando por uma determinada coisa. A questão do ‘cada fim um recomeço’ é onde falo muito de ciclos, quando estamos vivendo em um looping e não conseguimos sair dali. Na música eu falo isso, sobre o próximo passo que a gente tem que dar, porque tudo é aprendizado. A cada fim de um ciclo, iniciamos outro”, diz.

Produção vencedora do prêmio de Melhor Videoclipe da região Amazônica.

“Eu costumo dizer que há alguns anos ainda rolava bailes de rap com mais frequência, mas sempre como corre independente, dificilmente tinha ajuda do governo. Aqui, até hoje, a gente não se sustenta da música ainda, é um corre paralelo, precisamos fazer dinheiro de alguma forma para depois, com essa grana, investir nesse trampo”.

O artista fala ainda sobre a sensação de ver suas produções ganhando novos rumos e reforça a importância de valorizar a cultura e o cenário local. “De certa forma se torna uma inspiração. Fiquei muito feliz quando vi o meu corre sendo conhecido, e mais do que conhecido, é bom a gente também ser reconhecido pelo que faz e como faz. O prêmio foi mais um incentivo. Não gosto nem de romantizar todo esse corre que tá acontecendo, porque isso são sacrifícios que a gente fez e faz, o que eu procuro no momento é consumir os artistas locais e do norte. Estamos muito ligados em pegar referência do pessoal do sul, de fora, e não consumimos o pessoal de dentro”.

Mulheres no rap

Yanna Mc, cantora e compositora. Foto: Maksuel Martins (reprodução)

Ainda que em um espaço predominantemente masculino, algumas mulheres ganham destaque no cenário do rap local, entre elas Yanna Mc, com quem Shock fez parceria na música ‘Quando o Coração Parte Mais Alto’. Juntos em projetos mais recentes, Shock assinou a direção, em parceria com a jornalista e documentarista amapaense Rayane Penha, no mais novo trabalho de Yanna, o videoclipe ‘Faces da Madrugada’.

“Acredito que hoje tem cada vez mais artistas se descobrindo, se engajando. E sobre a Yanna, em todo o estado, eu lembro de 3 mulheres apenas, isso é preocupante. Mas vemos aí artistas, mulheres, profissionais locais incríveis dando show, como a Rayane Penha, que hoje tem o nome estampado em todo lugar. Precisamos valorizar os nossos!”, afirma Super Shock.

‘Faces da Madrugada’ faz parte da seleção de videoclipes que vão compor o Projetaço pelo Brasil, iniciativa do Festival MANA, de Belém-PA.

Estou há 8 anos no rap, e ainda assim não vivo de arte, eu sobrevivo de arte”.


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