“Minha cidade toda se enfeitou/Pra ver a banda passar cantando coisas de amor”, e assim, por 54 anos toda terça-feira gorda de Carnaval, os amapaenses vão desfilar ou assistir à A Banda passar, na capital, Macapá.
A brincadeira começou com um grupo de 100 rapazes vestidos de mulher em frente à sede do antigo Amapá Clube, no centro da capital, e esse ano pretende levar 170 mil brincantes para desfilar nas ruas de Macapá, considerado o maior bloco de sujo da região norte do Brasil.
O presidente da Associação Cultural A Banda, José Figueiredo de Souza (Savino), destaca que recebe o apoio em termo de segurança e logística dos órgãos governamentais, como GEA e Prefeitura de Macapá. Os gastos com o bloco são de recursos próprios da agremiação.
“Antigamente não recebíamos nenhum tipo de apoio ou patrocínio, mas as coisas foram mudando ao longo dos anos. Tanto o governo quanto o empresariado local fazem questão hoje de apoiar essa brincadeira que passou a ser patrimônio cultural de Macapá”, diz o presidente do bloco, José Savino.
Para a comemoração pelos 54 anos, o bloco irá promover uma ação de saúde no dia do desfile da banda, 05/03, com apoio do Estado, Prefeitura de Macapá e do Sesi/Senai. Será montado em frente à sede da banda, de 8h às 13h, uma tenda com vários serviços, como aferição de pressão e P.A, classificação de IMC, testes rápidos de sifilis, HIV, hepatite, diabetes, vacinas retrovirais, serviços odontológicos, avaliação clínica, massoterapia, acuidade visual e distribuição de preservativos Ambulâncias estarão de prontidão, com socorristas durante todo o percurso de A Banda.
História do bloco
O bloco de sujos A Banda foi criado em 02 de março de 1965. Nessa época, no período do carnaval, existiam as batalhas de confete do Barrigudo no bairro do Trem, do Bar Caboclo e do Canta Galo do Bar Du Pedro, no Mercado Central.
Um grupo de amigos formou o bloco e saíram pelas ruas da cidade. Adotaram a música de protesto “A Banda” de Chico Buarque, como tema, em razão do governador da época, Roberto Souza Rocha, ter mandado a Guarda Municipal barrar o bloco de desfilar em plena avenida FAB. O motivo teria sido o fato do bloco apoiar politicamente o candidato adversário do governador.
Com a Banda nasceu a Chicona, uma boneca com cerca de três metros de altura que é considerada uma das principais atrações e a matriarca da festa. Ela foi inventada por Cutião – era ele quem estava por debaixo dos panos da boneca gigante.
Depois surgiram outros bonecos, o marido, Anhangüera, os filhos, Arizinho e Cuteão, e a boneca Iracema, uma homenagem à Dona Iracema Carvão Nunes, esposa do Coronel Janary Gentil Nunes, primeiro governador do Amapá.
Pérola Pedrosa