Situação preocupa especialista, que acredita que o problema tem saída e deve ser avaliado com atenção
Dados do IBGE apontam que no Amapá, a expectativa de vida para a terceira idade está entre as piores do Brasil, o que é comprovado pela realidade e preocupa profissionais da área de saúde. Com apenas dois especialistas, na capital, em cuidados com o idoso, e qualidade de vida abaixo da média, cada vez mais é raro encontrá-los nas ruas e com saúde. O geriatra amapaense Alessandro Nunes, acredita que este quadro pode melhorar, e o estado sair do ranking de sétimo do país em pior perspectiva de vida.
De acordo com os índices, atualmente no Amapá a expectativa de vida é de 72, 4 anos, ou seja, 3,0 abaixo da média nacional e 4,4 anos inferior à Santa Catarina, o mais bem avaliado no Brasil em relação à saúde de idosos. Estamos abaixo de Roraima, Maranhão, Piauí, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. “No norte do país, que é uma região rica em natureza, e oferece alimentos mais saudáveis, como frutas e pescados, só ganhamos de Roraima, diz o doutor Alessandro Nunes.
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Outra característica da região chama a atenção do geriatra, que é o fato de muitos idosos do Norte terem como cultura o uso de remédios alternativos, ou naturais, sem prescrição médica, mas com a crença e conhecimento trazidos dos antepassados. “O uso de remédios caseiros e tradicionais, como azeite de andiroba, chás, gorduras de animais e outros tratamentos não devem ser desprezados, mas não podem substituir a medicina moderna, embasadas por pesquisas, e sim, aliadas, desde que não tragam riscos. É difícil mudar estar concepção, principalmente em pessoas de idade avançada”.
Outros dados chamam a atenção. O Censo de 2010 mostra que os idosos no Amapá somavam 34,5 mil, o que corresponde a 5,18% da população, que é, em média, a metade da concentração do país, que já ultrapassa de 10,5%. Para cuidar destes idosos em Macapá, somente dois geriatras estão registrados com qualificação no Conselho Regional de Medicina (CRM-AP), o que corresponde a um geriatra para cada 18 mil idosos.
“São dados alarmantes. No Amapá não é comum vermos idosos saudáveis praticando atividades físicas ou simplesmente passeando, quando estão na rua, geralmente é pedindo ou exercendo funções não compatíveis com a idade. Outro detalhe que chama a atenção é o número de pessoas que não chegam à terceira idade e morrem jovens de causas como infarto ou hipertensão, que podem ser prevenidos”, explica o geriatra.
Para o especialista, se as pessoas se cuidassem desde cedo, os riscos de morte prematura seriam menores. “Além dos cuidados com profissionais como clínico geral e especialistas, é importante que as políticas públicas para a saúde garantam acompanhamento, isso ajuda a prevenir a morte de pessoas jovens de causas que podem ser prevenidas. O geriatra não pode mais ser visto como um médico que só deve ser procurado quando os idosos estão em risco e os demais especialistas em saúde precisam ser mais acessados”, aconselha.
“Estes comparativos e a realidade, que mostra um estado com poucos idosos saudáveis nas ruas, indica que precisamos cuidar das pessoas para garantir uma velhice saudável. A qualidade de vida na terceira idade está ligada à prevenção de saúde, o que significa que podemos mudar esta realidade. As pessoas terão mais qualidade e vida e consequentemente menos possibilidades de morrer cedo, e de problemas que podem ser evitados. É possível chegarmos ao nível de cidades onde os idosos circulam nas ruas e praticam esportes”, afirma.