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Trança: linguagem que vai além da beleza. Projeto reconecta mulheres negras a este saber ancestral e gera renda e cuidados no Amapá

O ato de trançar vai além de um movimento de beleza! Ele é um movimento de poder, luta e resistência ostensiva por meio do qual nossos ancestrais se comunicavam e mostravam-se belos aos olhos do mundo.
Durante o período da escravização no Brasil, as tranças eram utilizadas para identificar as tribos a que pertenciam os escravizados. Por meio dos seus desenhos, elas também serviam como mapas e rotas para as fugas planejadas. Trançar tornou-se um ato de resistência, de apoio, de cuidado e de afeto em tempos tão difíceis para o povo negro. Nas mesmas tranças também se escondiam mensagens, sementes de arroz, feijão e milho. Eram normalmente usadas na roça para plantar, cultivar e sobreviver.


Manipular o cabelo com tranças é técnica histórica, presente em muitas nações africanas. O princípio, simples e único, parte do entrelaçamento de três mechas de cabelo a partir do couro cabeludo.

De uma ação de resistência a um gesto de afeto, o ato de trançar o cabelo é uma tradição que requer aprendizado e pode se tornar uma nova fonte de renda. E foi assim que o projeto Projeto Afroperiferia Fashion prepara e capacita mulheres a se reconectar com esse saber ancestral.


“Elas aprendem a trancar, cuidar, atender, precificar, enfim, a ter acesso a uma estratégia de geração de renda e oportunidades de novos negócios”, conforme comenta Rejane Soares, criadora e coordenadora do Projeto. “Mulheres negras de periferias tendo seu negocio, ganhando seu dinheiro, atendendo suas clientes e mudando suas vidas! É este o propósito principal do projeto!”conclui.


A trancista consagrada no Amapá, Karline Karina, que dona do salão KKarline – Aplicação e Fibras, foi a parceira que repassou os saberes sobre a arte das tranças para as 20 alunas do projeto. “Além de estética, trançar é conhecimento e valorização de uma arte que é nossa. É um cuidado que valoriza a autoestima das mulheres e que pode se tornar uma boa forte de renda”, declara kerline.


Eduarda Catarina, aluna da primeira turma do curso, já dá os primeiros passos como profissional. Ela já está construindo sua agenda de atendimentos. “Quando vi sobre o curso, me inscrevi e fiquei muito feliz quando fui selecionada. Eu estava buscando uma fonte de renda e sempre fui apaixonada por tranças. No curso fiquei mais encantada ainda porque fui vendo minha evolução a cada novo dia de aula. Hoje, já estou atendendo, mas, quando vi o brilho nos olhos e o sorriso de satisfação da primeira cliente, fiquei muito emocionada”, comemora.

O Projeto Afroperiferia Fashion é o primeiro projeto do estado do Amapá que cria oportunidade para as mulheres negras se fortalecerem financeiramente por meio da técnica das tranças africanas. Formou 20 Mulheres Negras moradoras das áreas de periferia. As alunas vão receber certificação e kit de produtos para começarem seu próprio negocio no dia 30 de Novembro, o projeto contou com a parceria da Onu Mulher, Fundo Elas, Instituto Renner, Sebrae Amapá e O Studio KKarline – Aplicação e Fibras e a realização é do Instituto Zwanga.

Fonte
Rejanne Soares - Instituto Zwanga
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